terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Leituras para maternidade (e então chega)

Depois de ressaltar o quanto é maravilhoso ser mãe, vale muito a pena falar sobre o que chamam de "lado B" da maternidade. Não ousarei ainda falar eu mesma, por enquanto vou apenas fazer algumas indicações. 

A primeira vez que vi o termo "lado B da maternidade" (embora já o vivenciasse) foi no blog da Shirley Hilgert ,que, inclusive, me ajudou muito. Ela escreve sobre maternidade de maneira muito agradável, ao mesmo tempo sendo franca, e derrubando certos mitos. Para mim, é o blog número um em se tratando de assuntos de maternidade.

O outro blog que me ajudou (e ainda ajuda) é o www.scarymommy.com. Composto por várias mães escritoras, os textos se apresentam mais em forma de desabafo. Sinceridade, sarcasmo e besteirol na medida certa, o que acaba gerando bastante empatia nas mães que gostariam, pelo menos uma vez, de ter essa atitude, mas não têm espaço e nem coragem. Eu rio e algumas vezes já me emocionei. Acho impossível não me identificar com os momentos mais críticos daqueles relatos.

Vila Mamífera  também é legal, tem relatos de parto normal, muita informação sobre amamentação, enfim, o foco é a maternidade ativa. Cheguei a ler, mas não muito. Talvez pela minha história pessoal, eu acabe percebendo que enfatiza coisas que eu gostaria de ter vivenciado, mas por razões que escaparam à minha vontade, não pude. Vejo esse conteúdo mais como ideal a ser alcançado, mas tomando sempre o cuidado de me proteger de eventuais comparações e frustrações.

Tentei ler outros blogs, mas não me ajudaram muito. O mamatraca, por exemplo, é um lugar onde as mães estão mais preocupadas em desabafar do que em realmente comunicar algo. Não vejo muito propósito nisso. Mas tudo bem, é o espaço delas. E pode haver quem goste.

O GVA (Grupo Virtual de Amamentação) é militância pura. Elas não admitem debate algum, de maneira que você só consegue participar do grupo se concordar com tudo o que elas pensam e orientam. De modo geral, demonizam mamadeira, chupeta, leite em pó, vitaminas e pediatras. Muito radical.

Saindo um pouco do virtual, recentemente comprei um livro ótimo chamado "A maternidade e o encontro com a própria sombra", da autoria de Laura Gutman. Recomendo demais para quem pensa em ser mãe, para quem já engravidou, para quem é mãe... enfim. O foco principal dessa obra é entender que a maternidade, como processo, não diz respeito somente a gerar um filho e tê-lo separado do corpo com o nascimento. Esse é apenas o aspecto físico. Inerente a esse processo, há um lado emocional que não pode ser ignorado, como costumamos fazer sem perceber. E esse lado emocional é a "sombra" da maternidade. Isso, explicado de maneira grosseira, significa que a história emocional da mãe é projetada no bebê como se fosse uma "sombra", o que representa uma grande variável de repercussões, para ambos. A superação das limitações e as lições extraídas a partir disso mostram como ainda estamos aquém de entender o que se passa entre mãe e bebê, tanto na gravidez como no pós-parto. A autora explica isso muito bem no livro.



É isso. Agora já chega de falar sobre leituras exclusivas de maternidade. No próximo post, vou falar sobre atitudes que permitam às mães sair um pouquinho do universo materno, dar uma espiada lá fora, para ver o que acontece além das trincheiras desse cafofo cheio de fraldas e mamadeiras. Depois de tudo o que você passou, entenda que vai chegar o momento em que você se dará o direito de voltar a ser quem era (ao menos em parte). Talvez não aconteça de um momento para outro, pois para cada pessoa é diferente. Seja como for, esteja aberta à possibilidade de haver uma surpresa maravilhosa do outro lado, quando você descobrir que não é mais a pessoa que costumava ser, mas alguém muito melhor. Alguém disposto a reaprender a viver, a construir uma identidade mais rica, mais fluida, mais nítida e corajosa. Afinal, o cérebro da mãe é diferente, há mais coisas circulando no seu sangue do que antes. Seu corpo e sua alma também não são os mesmos, porque sua estrutura física e emocional mudou. Quem sabe, você já tenha virado uma super mulher com um super cérebro e nem saiba disso. Mas se já sabe, terá ainda mais certeza.

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