quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Criança no avião

Com toda a franqueza, quem nunca tremeu na base ao perceber que na fila de embarque do voo pipocam crianças agitadas? Bebês, então, nem me fale. Eu já estive dos dois lados. Dessa vez, a criança no avião era minha, pois na semana passada viajamos com ela, de um ano e meio. 

Depois da polêmica gerada pelos pais que presenteiam os demais passageiros com doces, tampões de ouvido e um pedido antecipado de desculpas, eu mesma fiquei com receio de que ela não fosse se comportar. Eu jamais ia levar doces de presente (vai que tem diabético nessa história). E outra: todo mundo tem que aprender a se comportar, e não subornar as pessoas para suportarem seu mau comportamento. Claro, não estou falando dos bebezinhos que choram pelo incômodo, mas de criança da idade da minha.

A dica da especialista que li dizia que o melhor a fazer é integrar a criança ao ambiente. Se ela cumprimentasse as pessoas, isso geraria um vínculo e uma certa dose de empatia. Desse modo, seria mais fácil para as pessoas lidarem com ela em caso de choro ou incômodo.

Pois foi exatamente o que aconteceu. Minha criança sorriu para todo mundo, falou "oi", trocou sorrisos, enfim... foi uma viagem super agradável. A própria Miss Simpatia não faria diferente.

Ainda assim, meu maior receio era que ela chorasse na hora da decolagem e do pouso, assustada com o barulho das turbinas. Felizmente deu tudo certo. Fizemos uma associação de ideias para ajudá-la. Como ela já conhece o barulho do trânsito que passa em frente de casa, nós associamos esse ruído familiar ao do avião. Então, quando veio aquele ruído forte da turbina, falamos para ela: "Olha a moto!". E aí, no meio do barulhão, ela ficava procurando a bendita moto, ou seja, sua mente se distraiu do medo e do estranhamento e se voltou para a curiosidade.

Eu não sou especialista no assunto. Isso foi apenas uma experiência que deu certo, e foi só dessa vez. Pode ser que em outro voo ela chore, fique irritada, não acredite na "moto".... enfim. Maternidade tem altos e baixos. Mas temos que tentar.

Há alguns anos, em outro voo, fiquei com pena de uma criança que viajava três poltronas à nossa frente. Era um menino de dois ou três anos, que tinha medo do cinto de segurança. Como tinha de colocar o cinto na decolagem e no pouso, a criança ficou gritando e esperneando incansavelmente. Gente, ele chorou muito! Os pais não fizeram nada. Não consolaram, não ajudaram, nada. Talvez estivessem cansados ou constrangidos... talvez tudo isso junto. Sabe, não trago uma crítica, mas a indicação de uma nova perspectiva. Eu e você, mães e pais, temos que entrar no mundo da criança para falar com ela. 

Tenho uma amiga cujo filhinho precisava usar óculos. Na época, ele tinha três anos. Como ela o convenceu? Disse que eram óculos de astronauta (tcharam!). Isso é criatividade. 

De repente, sei lá, os pais daquele menino podiam ter inventado que aquele era o cinto do Batman. Ou que a turbina do avião era o King Kong (bom, isso talvez não...).

Muitos pensadores e filósofos concordam que, na atualidade, estamos atravessando uma transição da era do conhecimento para a era da criatividade. Outro dia falo mais sobre isso. O fato é que, para a criança, importa ser criativo. A pessoa adulta tem mestrado e doutorado, mas não sabe inventar uma história da carochinha para distrair o filho? (Agora, sim, veio a crítica). Faz favor. Vamos mudar. Os filhos precisam que a gente mude. Isso é por eles e por nós também.

4 comentários:

  1. Maravilha, isso mesmo!!! Nós é que temos que incluí-los na novidade de forma tranquila, informando sobre tudo para que se sintam confortáveis e seguros. Todo problema está nos pais, quando estamos inseguros, eles ficam inseguros, quando estamos desconfortáveis eles também ficam. Se estamos bem, certos de que estamos fazendo o que deve ser feito, eles simplesmente acolhem e desfrutam. Você vai poder perceber isso na escolinha, por exemplo, se você gerar neles uma expectativa positiva até o período de adaptação será dispensável, pois a adaptação já foi feita em casa e eles estarão ávidos para experimentar o que tanto ouviram falar... Enfim, depende de nós e você está indo muito bem, minha lindinha, parabéns!!! Beijinhos e saudades!!!

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    1. Obrigada, Carlinha! Também acho que é por aí, apresentar as coisas de uma forma positiva às crianças conta muito para a reação delas! Um beijo!

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