sexta-feira, 6 de março de 2015

Homenagem à mulher


As mulheres são as pessoas que mais se sacrificam nesse mundo.

Você, que agora é mãe, sente na pele isso.

Quando as mulheres da minha geração são homenageadas, deveriam se lembrar que essa homenagem cabe, na verdade, às mulheres de outras gerações. Nós aqui estamos sendo apenas simbolicamente lembradas. O que temos hoje (igualdade perante a lei, ao menos formal, direito ao trabalho remunerado, ao voto, e muitos outros direitos, inclusive relativos à maternidade) é fruto da luta delas, não nossa.

Acho importante dizer isso, porque sempre me senti fora de lugar nas celebrações do dia da mulher no meu trabalho, com a chefia colocando a mulherada num auditório para ouvir elogios, música, e depois presenteando todo mundo com flores e bolos de chocolate.

Amo flores e bolo de chocolate. (Música, aí já depende...)

Mas essa homenagem não me pertence, eu sentia.

E dá vontade de dizer o seguinte.

Se os estadistas querem homenagear as mulheres, respeitem primeiro nossas crianças, dando a elas uma educação digna. Se os homens querem homenagear as mulheres, mais respeito com a mulher que anda sozinha na rua, para que ela não se sinta constrangida com o palavreado chulo de que frequentemente é alvo. Se os patrões querem homenagear as mulheres, extirpem de suas condutas o assédio moral e eliminem de vez as piadinhas estereotipadas. 

Para qualquer pessoa homenagear a mulher, respeite suas escolhas de vida, respeite as que não querem se casar e as que não querem engravidar, respeite a escolha de parto, respeite seu direito de amamentação. Respeite a mãe que dá mamadeira ao bebê. Respeite as que querem ter um filho só e as que querem ter muitos filhos. Respeite a que escolheu trabalhar em casa e a que estudou para trabalhar fora e contratou babá e empregada. Respeite a avó idosa que, se ganhasse em dinheiro por hora de trabalho, seria milionária. Mas trabalhou a vida toda além do que devia, por dever de esposa e mãe. Fez tudo por amor.

Respeite a inteligência de uma mulher, não como se ela fosse um homem. Porque ela não precisa ser vista como homem para ser respeitada.

É um aprendizado e tanto para homens e mulheres. Respeitar, sejam as jovens, as mães, as professoras, as babás, e todas aquelas que merecem, antes de mais nada, o nosso amor e consideração. Amor diário, e não de ocasião ou de data.

Eu nem falo em feminismo, porque não me refiro a uma politização de comportamento. Falo de conceitos óbvios demais para serem politizados. 

Não parece estranho que seja preciso gastar tanto tempo hoje em dia falando sobre coisas óbvias? Sobre amar ao próximo e valorizar nossas mães?

É  estranho, sim. É quase assustador.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Felicidade hoje


Pequenas brincadeiras, como brincar de telefone com seus pés.

Pequenas inteligências de você, estendendo os braços para me pedir colo, mas só quer sair do berço para correr rindo de mim.

Pequenos incômodos de você, com lágrimas nos olhos, me falando que o dentinho (nascendo) dói.

Pequenos e doces perfeccionismos, palavrinhas que você fala após muito pensar, tentando sempre aperfeiçoar sua pronúncia.

Pequenas risadas deliciosas.

Pequenos passos, nas pontas dos pés.

Pequenos giros de brincadeira.

Pequenas quedas que você tira de letra, porque não gosta de ceder ao choro, não tem tempo para chorar e quer continuar o que está fazendo.

Pequenos gestos que você pede para eu refazer.

Pequenas vozes que falam, cantam e conversam em nossas histórias inventadas.

Só com sua vida, sua existência, você me apequena, me engrandece, me felicita.

Felicidade hoje é ter você.

Minha filha.

O Bom Pastor


Segue o link para quem quiser ver fotos da Helena, que inspirou nossa personagem, e visualizar algumas ilustrações do livro, bem aqui, no blog da Diana. 

segunda-feira, 2 de março de 2015

Amizade e trabalho


Não é todo mundo que tem a oportunidade de trabalhar com o que ama. 

Não é todo mundo que tem uma história de amizade que resulta em outras boas histórias, e que pode resultar, um dia, em livro.

Mas felizmente comigo foi assim.

É por isso que me sinto privilegiada e presenteada. Pela amizade dela e por um dos muitos frutos dessa amizade.

Esse é nosso primeiro livro juntas, da minha amiga Diana e eu. Também é criação da Diana a arte que personaliza este blog.

Linda, não? Admiro demais, mas não me surpreende que seja assim. Quem conhece o trabalho da Diana sabe do que estou falando. Esse livro é mais um de seus trabalhos, e o meu primeiro, para literatura infantil. Foi Diana que me incentivou a escrever. Com isso, aprendi que os bons amigos sempre nos estimulam a ser as melhores pessoas que podemos ser. A fazer aquilo em que somos realmente bons.

O bom pastor e a ovelha perdida é uma das minhas histórias preferidas da infância.

O que mostra como é importante lermos para nossos filhos. A história contada aqui tem relação estreita com as histórias que eu ouvia de minha mãe quando criança. Tive essa sorte. Minha mãe leu para mim, e muito. Fui uma criança leitora. De forma que o texto do livro, eu fiz como se contasse a história para minha filha. Da maneira mais poética e lúdica que consegui.

Diana, por sua vez, com toda a sensibilidade, abordou essa história em ilustrações cheias de encanto e cor. É para os olhos da criança que ela desenhou. É para inspirar a criança a fazer seus próprios desenhos que ela traçou cada linha e contorno.

Um livro feito com amor.

Helena, nossa personagem, é inspirada na Helena real. Mas a Helena do livro não tem cor. Ela pode ser loira, ruiva, oriental, negra ou morena. Do jeito que a criança leitora quiser imaginar, ou imaginar a si mesma. A ilustradora deixou essa lacuna para ser preenchida ativamente pela imaginação da criança que lê.

Essa obra foi feita com muito carinho. Vale a pena.