Agora que o bebê já dorme a noite toda, você também vai (dormir).
Mais ou menos.
Porque não é o fato de estar tudo em silêncio que impede a mente de pensar.
Há muito mais em jogo que o simples cansaço ou a vontade de dormir.
A mente funciona à noite, quer dizer, nas madrugadas. Aliás, ela aproveita essa oportunidade para funcionar tudo o que não pôde durante o dia.
É um cúmulo esse acúmulo!
Reflexões, lembranças, planos, futuro.
Preocupações, problemas com ou sem solução.
Relatos, críticas, poesia.
Estratégias.
Ideias sem precedentes.
Esquecimentos.
Pedidos e orações.
Mas falta tempo para pensar em tudo.
Pois quem tem hora para acordar tem que ter hora para dormir.
Você agora é mãe. E precisa descansar.
Consciente disso, começo a perceber minha tensão.
Sem espelho e sem luz, de olhos fechados na escuridão.
Estou notando minha testa franzir.
Penso nela a sorrir.
E todos os pensamentos me colocam em prontidão.
Porque eu sou mãe. E não posso dormir. Mas preciso.
Eu me devo isso.
A vigília de nada adianta.
Vou fechar os olhos sem os tensionar.
E adormecer, até amanhã.
Ser eu mesma. Dormindo.
Ou seja, não ser ninguém.
Pelo menos, até amanhã cedo.
Porque assim que a voz dela me gritar, fazendo toda a questão.
Mamãe!
Serei eu de novo.
Aqui, filha, por você, sempre.