sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Meu aprendizado

O peso que ela não carrega:


Me fazer feliz;

Me deixar orgulhosa com seus feitos;

Me amar, como eu acho que mereço;

Concordar com minhas ideias;

Reconhecer o meu valor;

Seguir meus passos.

Ela pode fazer isso, se quiser.

Mas essa não é sua função.

Não foi para isso que tive uma filha.

Não foi para me afirmar por meio dela.

Não foi para buscar a aprovação de alguém.

Não foi para ser amada e ter alguém para me fazer feliz.

Não foi para ter minhas ideias confirmadas.

Não foi para ter alguém seguindo meus passos.

Não foi para me gabar dos feitos de alguém.

Não foi para ter meu valor finalmente reconhecido.

Porque antes que ela nascesse, eu já tinha valor.

Eu já era feliz.

Eu já merecia ser amada.

Eu já conhecia a aprovação e a desaprovação alheia.

Eu podia acertar e errar.

E continuo.

E só depende de mim

Aprender com ela que posso ser mais feliz do que já fui.

Aprender com ela a delicadeza de amar outra pessoa assim.

Aprender com ela que o objetivo do trajeto pouca importância tem, se o passeio não for bem aproveitado.

Aprender com ela que errar e acertar é assim mesmo.

Que depois de cair e chorar, é só se levantar.

Que risada é todo dia.

Que mudar de ideia é normal.

Que nada é perfeito, mas muitas coisas são belas.

Como a florzinha mais sem importância na fissura da calçada.

E que qualquer coisa pode ser engraçada.

Até um susto, um grito ou um sussurro.

Não é mágica, nem nada extraordinário.

Mas é bonito para quem vive, e só se vê vivendo.

Aqueles que disseram que nossa função é ensinar coisas aos filhos ainda não se deram conta do universo que nós, pais, temos a aprender com eles.

Coloque na balança e verá.

Quanta riqueza você pode ter se observar uma criança para aprender.