sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Faça a festa

Recentemente, fiquei feliz ao ver as fotos da festa de chá de bebê de uma amiga que mora longe. Nas fotos, ela aparecia sorridente, querida, amada e presenteada. Nada melhor para uma mulher que enfrenta o terceiro trimestre de gestação. Sentir-se amada.

Eu fiz minha festinha com tudo o que tinha direito. Algumas pessoas, na época, me questionaram sobre isso, se os gastos com a festa seriam compensados com os presentes dos convidados, ou se, simplesmente, seria algo trabalhoso que me deixaria no prejuízo.

De fato, qualquer festinha hoje em dia não sai barato. Mesmo contando com a ajuda de amigos, a encomenda de salgados, doces, bebidas, bolo, confecção de lembrancinhas, decoração... digamos que tudo isso não fica abaixo da casa das centenas. Por mais econômico que seja. 

No meu caso, foi simples, mas quando vejo as fotos, só tenho boas lembranças a respeito do carinho de amigos e da ajuda que recebi.

Lembro-me que, até decidir a fazer a festa, a tentação era colocar tudo na ponta do lápis para ver se compensava mesmo.

Acontece que eu não quis ser racional naquela decisão. Eu tinha um bebê de 32 semanas na barriga e meu tempo para o parto estava contando. Por isso, insisti em fazer a festa. Eu queria mesmo comemorar, eu queria que as pessoas comessem bem e se divertissem. Porque estava feliz com a chegada iminente do meu bebê e essa alegria tinha de ser dividida. Mas porque também achava que, se algo desse errado no parto (a gente nunca sabe), eu teria aproveitado aquele momento para estar cercada de pessoas queridas, de quem eu também era querida. Nem que fosse pela última vez.

Triste pensar assim? Talvez. Mas também era algo alegre. Naquela época eu tinha que pensar em todas as possibilidades. Era inevitável e não me assustava, porque a vida é assim. A alegria pode ser sucedida da tristeza, a vida da morte, o combinado do acaso. Não sabemos.

Eu ri e também chorei na minha festa. Como qualquer grávida comum. Abracei meus amigos e fui abraçada. Abençoada. Felicitada. Eu poderia estar me despedindo dessas pessoas, sem que nenhum de nós soubesse. Mas eu sabia que precisava que todos estivessem comigo, nem que apenas por alguns momentos.

Minhas últimas semanas de gestação foram marcadas por um sentimento intenso de amor. E isso foi ótimo, porque o organismo da gestante precisa exatamente desse sentimento para desencadear um trabalho de parto normal. Amor recebido, que faz o organismo produzir o hormônio do amor, a famosa ocitocina.

Para quem não sabe, esse hormônio é importante não somente durante o trabalho de parto, mas também na fase de amamentação.

Então, conforme a data prevista para o parto se aproximava, eu sentia não somente minhas juntas se deslocarem (é assustador, parece que a gente vai desmontar uma perna ou um braço quando faz algum movimento brusco), mas também sentia o ambiente de amor se preparando para a chegada da minha neném.

Por isso, se você tem dúvida, o meu conselho é: faça a festa. Talvez você precise mais dos abraços carinhosos do que imagina. Só por eles já compensa. E as pessoas amadas estarão ali por você, não exatamente pela comida ou pelo evento em si. Dá trabalho? Claro. Mas o trabalho também é uma ocasião em que você pode receber a ajuda e o cuidado das amigas, como aconteceu no meu caso. Mais ocitocina pra você. Afinal, as semanas que antecedem um nascimento devem ser dedicadas a momentos como esse, em que você é acolhida, acalentada e abençoada com as palavras e gestos de pessoas que te querem bem. Preparando e fazendo a festa você obtém isso. Tem gente que diz até que o melhor de uma festa é esperar por ela. Isso também é verdade.

Além disso, lembre-se de que depois que seu neném nascer e já for grandinho para entender, você poderá lhe contar sobre esse momento e até mostrar fotos. Para que ela ou ele vejam o quanto sua chegada foi esperada por tantas pessoas. Dê ao seu bebê a oportunidade de ser amado por meio de você.

Quanto mais amor, melhor.

Portanto, se você vai dar à luz esse ano, eu te desejo uma ótima festa e muita ocitocina!

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