terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Ajuda ou controle?

Se você é mãe de primeira viagem, já deve ter se deparado com o seguinte dilema: para cuidar do bebê, devo ou não aceitar a ajuda de familiares (mãe, sogra, avó, tia, etc.)? 

Tudo depende muito de como funciona sua família, da disposição dos outros em ajudar, de como é seu vínculo com eles, da confiança, e também do quanto você é ou quer ser (in)dependente. Além disso, como sabemos, hoje em dia os pais têm se tornado cada vez mais participativos nos cuidados com os bebês, mesmo com os recém-nascidos. Com o pai mais presente, as mulheres da família perdem espaço. É uma consequência natural. Se o pai dá banho, troca fraldas, faz plantão, as avós vão fazer o quê ali? Nem se quisessem... dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. Lei de Newton.

Como há pais que trabalham fora, que não têm tempo de acompanhar de perto a cria, e até mesmo, não sabem como fazer isso (e nem se devem tentar), pode ser que você precise mesmo de ajuda. O que não significa ser obrigada a aceitar qualquer ajuda. A escolha é só sua. Mas, lembre-se: qualquer que seja essa escolha, você e seu bebê terão de lidar com os prós e contras.

A melhor coisa sobre aceitar ajuda para cuidar do bebê é não se sentir tão sobrecarregada. A função de mãe pode ser cansativa ao extremo, não apenas física, mas também emocionalmente. Você pode ter mais tempo para dormir, se alguém puder ficar com o bebê. Você ficará mais descansada se o bebê puder se banhado ou ter as fraldas trocadas por outra pessoa. Mas aceitar ajuda assim não é para todas. Digo isso porque geralmente a pessoa que vai te ajudar fará as coisas à sua própria maneira. E ainda vai tentar te ensinar, mesmo que não queira te fazer sentir ignorante. Só que, se você é uma mãe que gosta de ter o controle e fazer as coisas do seu jeito, essa pode não ser a melhor opção.

Se, por exemplo, você não quiser que seu nenê use chupeta, ao receber ajuda você pode ter que abrir mão dessa decisão. Nada impede que a pessoa que está cuidando ofereça chupeta ao nenê quando você estiver dormindo, e ela terá ótimos motivos para justificar isso, principalmente se for não interromper o seu sono. Aceitar ajuda também implica aceitar outras coisas. E quanto mais o tempo passa, e mais ajuda você recebe, mais abre mão de sua autonomia, porque aumentam as escolhas que os outros farão por você: o que o nenê veste, o que ele come, com o que brinca, o que presencia, o que lhe ensinam... mesmo que você confie em quem cuida de seu filho ou filha, o fato é que nada disso estará sob seu controle absoluto.

Já a melhor coisa sobre não aceitar ajuda para cuidar do bebê é o aprendizado que você conquista. Esse é o meu ponto de vista. Como é você mesma que vai meter as caras para fazer as coisas, será obrigada a aprender tudo o que precisa para cuidar da vida de um ser humano neném. Nesse caso, todas as decisões são suas, o controle é todo seu: alimentação, rotina, educação e todo o resto. Só que, como todo aprendizado funciona com tentativa e erro (várias tentativas e vários erros!), você também será obrigada a aprender a se perdoar. Esteja preparada. Lógico, isso também não serve para todas. Se você é alguém que não consegue sentir culpa sem sofrer psicologicamente, se não consegue se ver errando, se não faz questão de ter autonomia em todas as decisões e aceita dividir a responsabilidade, talvez não seja essa a melhor opção.

O lado ruim de não receber ajuda de fora é, sem dúvida, o cansaço. Extremo. A ponto de algumas mães sofrerem crise de identidade. Choram, nem sabem mais quem são ou já foram. Você entenderá o que é isso se passar várias semanas segurando nos braços um bebê que chora com cólica todas as noites. É desumano para o bebê e para a mãe. A memória da pessoa vai pro espaço. Porque a memória das pessoas só funciona se dormirem direito, o que não acontece para a mãe que optou pela não-ajuda.

Mas isso também vai passar.

Então, antes de aceitar ou dispensar a ajuda de fora, saiba o que funciona melhor para você. Saiba se você prefere priorizar o controle ou a ajuda.

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